Porque falo dos rios, de amor e dos mares
Se são eles que me inundam?
Porque falo da verdade da terra e do vento
Se tudo isso me despe?
Porque falo de murmúrios e dos gritos silenciados
Se só o meu corpo é meu eco?
Porque falo de saudade e da solidão aflita
Se antígonos são os meus braços?
Porque falo de espinhos, de chagas e das cinzas
Se o meu rasto vocifera a ferida aberta?
Porque falo de causas e dos sonhos
Se sós, são as minhas asas impotentes
Nas pedras que me tropeçam os passos
Falo…arguo a mudez dos olhos
Delatora me acuso e não calo
Erupta em fogo profícuo
Serei…
Onde todas as palavras me nascem!
(imagem: Luis Ralha)