03
Out 09

Breve crepúsculo de amor
Parda a noite…mia
Geme, teme, soluça a dor
Indolente, apazigua o dia
 
Na chuva que a noite derrama
Nega-se a morte ou sonho errante
Audazes estandartes em chama
Inócua do choro inquietante
 
Vagabunda perversa e vadia
Ai poetas perdidos de amores
Amante da noite é a poesia
Nas ruas nuas de pudores
 
Noite ditosa, palavra ardente
No fado e tertúlias embriagadas
Alarde de um verso pungente
Toando nas bocas ressacadas
 
Irrompe quebranto e destino
Noite que aquece a cama do mar
Adormece o vento ainda menino
Mima o rosto do sol por chegar
 
Na noite me invento donzela
Se um fidalgo me sonha,
E se um poema traz com ela
É do encanto…a noite risonha!
 
(imagem: anoitecer, Tinta Azul)
 
publicado por Utopia das Palavras às 21:48

É na noite que sei
Inventar estrelas p'ra mim
Guiei-me por elas e vim
E no encanto me fiquei.

Nada sei inventar, para dizer  da beleza do teu poema, mas gostaria muito.
Sabes como adoro ler-te, sempre me encanta a beleza das tuas palavras.

Beijinho com muito carinho
natalia





 
rosafogo a 3 de Outubro de 2009 às 23:38

Belíssimo poema!! Claro; límpido; objectivo no que quer transmitir; ... 
Aqui está um bom exemplo de um poema cheio de beleza na palavra que não desdenha a beleza poética da fonética . A isto chama-se talhar a palavra. Pegar nos caracteres e fazer uma escultura. Tu  Ausenda, lavras os terrenos e sabes que sementeira lhes são adequados.


PS: Ando Zangado e triste contigo... depois explico! Lol
: )
leal maria a 4 de Outubro de 2009 às 12:18

Ausenda,

Agora que estou finalmente de férias e com tempo para visitar os amigos, venho aqui e encontro mais um dos teus belos poemas...
Parabéns mais uma vez... pelos momentos bonitos que as tuas palavras me proporcionam.

Um bom fim de semana (prolongado).

Um beijo
Meg a 4 de Outubro de 2009 às 15:51

maravilhoso....
não sei mas me lembrou Pessoa...

apareça por lá...

beijo-te

 
marcos a 4 de Outubro de 2009 às 15:55

recordo a viagem em que partimos
sem conhecermos o porto de destino
de todos os mapas nós fugimos
alimentados por um saber labiino

um beijo que te leve o meu agrado
numa barca puxada pelo vento
se no amor eu não creio em fado
não sei porque te trago em pensamento

deslizas em mim, não estando presente
como nau imaginária navega em neblina
és sempre tu que o meu corpo sente
e me falas numa voz meiga e cristalina


abraço
luísa


 
pin gente a 4 de Outubro de 2009 às 17:25

Olá Ausenda!

Bonita a forma como te pintas
na frescura de uma aguarela
em teus tons, com tuas tintas
revelas a tua imagem mais bela

Para quando a exposição?
Beijo Grande
manu a 4 de Outubro de 2009 às 20:21

Fizeste um fado! Mas que toada... e a imagem!
Que paz; que entardecer...
Até me custa comentar. Porque tudo o que digo, muitas vezes, nem exprime o que verdadeiramente se sente...

Que privilégio!:)

Beijinho grande
Lúcia a 4 de Outubro de 2009 às 21:28

É do encanto,e encantado fiquei,pela força do poema,apesar de serem sempre belos os teus poemas,sempre me surpreendem ;como dizes numa frase pela palavra ardente


beijos
Manuel Pereira a 4 de Outubro de 2009 às 22:00


"Na noite me invento donzela".
Minha amiga, uma pequena frase mas um mundo de fantasias. Também é desta forma que se vive e alimenta o amor. Não me perguntem porquê mas adorei esta imagem. Um beijo.
gui a 5 de Outubro de 2009 às 15:39


*


soberbo post, amiga,


,


risonha noite


encantando o vento


que vadia o mar


de palavras cantantes,


,


maresias serenas, deixo,


,


*

poetaeusou a 5 de Outubro de 2009 às 16:24

"Balada da Liberdade" livro de Miguel Beirão, prefácio de minha autoria e capa de Dorabela Graça
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