Breve crepúsculo de amor
Parda a noite…mia
Geme, teme, soluça a dor
Indolente, apazigua o dia
Na chuva que a noite derrama
Nega-se a morte ou sonho errante
Audazes estandartes em chama
Inócua do choro inquietante
Vagabunda perversa e vadia
Ai poetas perdidos de amores
Amante da noite é a poesia
Nas ruas nuas de pudores
Noite ditosa, palavra ardente
No fado e tertúlias embriagadas
Alarde de um verso pungente
Toando nas bocas ressacadas
Irrompe quebranto e destino
Noite que aquece a cama do mar
Adormece o vento ainda menino
Mima o rosto do sol por chegar
Na noite me invento donzela
Se um fidalgo me sonha,
E se um poema traz com ela
É do encanto…a noite risonha!
(imagem: anoitecer, Tinta Azul)