Nasceu sorriso
E voou de mim
Devaneou no luar de um lugar
Com adornos de escol e cetim
Atreveu-se o sorriso
Em trilho de pedras mágicas
Orvalhou um ninho de passarinho
Fez-se vento de mel
Estatelou-se de carinho
Nas fuças avaras e trágicas
Sorriu devagarinho, quase pranto
No salitre da tristeza
Sentindo nua a mesa
E quando a noite já sem razão
Vestia a fome de espanto
Sorriu de novo devagarinho
Nas bocas meninas, sem pão
Pudesse o sorriso mudar um rosto
Caiar todas as íris da cor Agosto
Tão singelamente podia
Ser feliz…
e porque...
o sol se enfeita de aurora
E soletra amor com o rio
Deixei meu sorriso agora
Correr como riacho vadio!
(imagem: fiat lux)