(Inês Gato)
Afligem-me as asas que murmuram
Em vez do voo
E os cheiros que perduram
No corpo onde o amor conspirou
Se calo, grito
A tua boca que não diz
Ai silencio maldito
Vociferado grito
Mata-me, ante ser infeliz
Não é acaso o canto mudo
Nem a poesia desconcertante
Sem pejo, serena me desnudo
Na espera desse uivo dilacerante
Porque não gritas o mar
No engenho das ondas
Inventa um naufragar
Bramindo realidade
Cede ao augúrio dos dias
Incita-te
Na minha espuma de liberdade!