As palavras que me fazem
Dou-as ao vento e às madrugadas
Faço delas janelas e terras lavradas
Chão, mares e a minha doce aragem
Palavras que sagram na pele
Gravam seiva de aventura
Lençóis de linho maculados de ternura
Desmesuradas, ruidosas de fel
As palavras que não invento
São as palavras que quero
Ante as vezes do desespero
Mas fome do meu sustento
Doem-me as palavras jorradas
E as que finjo e minto
Errantes em labirinto
Em tantas folhas rasgadas
As palavras do meu canto
Aninham-se na liberdade
De cerzir amor na verdade
Com os dedos do meu pranto
(imagem: internet)