Deixem-me amar o mar
Comer as algas, expurgar a lama
Deixem que o mar me ame
E me aclame sobrevivente
Deixem que a pele se queime
Na lonjura do sol e da saudade
Renascendo asa de coral
E o meu abrigo
Deixem que a boca cuspa
Lodos de preconceito
E que o meu leito
Seja terra espargida de causa
Deixem que as mãos naufraguem
No rosto de luz das marés
Abram de espuma as estrelas
E deixem chorar o mar
Deixem que nada ou as ondas
Se alastrem no meu peito
E que o meu corpo…
Seja sempre esse mar salgado!
(imagem:internet)