Sei da espera e do espinho Do tempo de florir a quimera
Das raízes paridas da terra
Sei do suor que lavra o caminho
Sei tanto do ardor dos olhos
Nas lágrimas que lambem incerteza
E dos rostos que estancam escolhos
Nas canas verdes de dureza
Labuta moída dos dias sem féria
E os sonhos sempre rasgados
Pelas mãos de outros sonhos roubados
Miséria…miséria
Mais um prego, mais uma semente de nada
E a labuta que não pára
Fere, vence como escára
Fadiga inútil, quão infecunda jornada
Grande a sede de olhar os lírios
Na sombra dilecta do anoitecer
Fosse vontade cegar delírios
Fazia gente, de tão pouco, renascer!
(imagem: domingos alves)
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Grata a Alex Campos, pela gentileza do gesto e pela empenho na divulgação dos poetas angolanos! Obrigada!