30
Ago 09

 
 
Escusa nostalgia
Se hiato não fosse o tempo
Que te faço
 
Genuínas reminiscências
do sabor do vinho
E da broa mondada
No milho
 
Melodia das gentes
Tingidas de sorrisos e sol
Partilhando suores
No vigor do trabalho
 
Ai a saudade
Quase morta
Pelos dedos que contam
Os dias de anseio
Do teu abraço
 
E esta vontade
De quase Outono
Quando o azul que o rio empresta
Faz-me lavada de esperança
Nesse extenso abraço
Enorme lugar de festa!
 
(Só o tempo de um abraço...regresso breve)

 

publicado por Utopia das Palavras às 22:05

10
Ago 09

 

Sei da espera e do espinho
Do tempo de florir a quimera 
Das raízes paridas da terra
Sei do suor que lavra o caminho
 
Sei tanto do ardor dos olhos
Nas lágrimas que lambem incerteza
E dos rostos que estancam escolhos
Nas canas verdes de dureza
 
Labuta moída dos dias sem féria
E os sonhos sempre rasgados
Pelas mãos de outros sonhos roubados
Miséria…miséria
 
Mais um prego, mais uma semente de nada
E a labuta que não pára
Fere, vence como escára
Fadiga inútil, quão infecunda jornada
 
Grande a sede de olhar os lírios
Na sombra dilecta do anoitecer
Fosse vontade cegar delírios
Fazia gente, de tão pouco, renascer!
 
(imagem: domingos alves)
 
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Grata a Alex Campos, pela gentileza do gesto e pela empenho na divulgação dos poetas angolanos!
Obrigada!
 

 

publicado por Utopia das Palavras às 21:49

03
Ago 09

 
Podias voar-me das mãos
Pena solta
Arrancada do meu peito
Pena tua mas meu chilreio
Que me enfeitiçou o olhar
 
Escárnio ou cegueira não te sentir
Quando flutuas no sangue
Veia incisa, inundada
Transbordante no meu corpo
 
Serás tu pena mensageira
Utopia de amor distante
Ou pena…só pena aventureira
Querendo o meu corpo como amante?
 
(imagem:rodrigo matos silva)
publicado por Utopia das Palavras às 21:46

"Balada da Liberdade" livro de Miguel Beirão, prefácio de minha autoria e capa de Dorabela Graça
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