29
Mai 09

 

          
Sílabas entrelaçadas
 
letras enamoradas
 
e a pena...
 
a pena em frenesim
 
um não, um sim
 
e eu?
 
Eu tanto queria
 
que tudo isso
 
dentro de mim
 
fosse poesia!

 

publicado por Utopia das Palavras às 22:27

23
Mai 09

As palavras que me fazem
Dou-as ao vento e às madrugadas
Faço delas janelas e terras lavradas
Chão, mares e a minha doce aragem
 
Palavras que sagram na pele
Gravam seiva de aventura
Lençóis de linho maculados de ternura
Desmesuradas, ruidosas de fel
 
As palavras que não invento
São as palavras que quero
Ante as vezes do desespero
Mas fome do meu sustento
 
Doem-me as palavras jorradas
E as que finjo e minto
Errantes em labirinto
Em tantas folhas rasgadas
 
As palavras do meu canto
Aninham-se na liberdade
De cerzir amor na verdade
Com os dedos do meu pranto
 
(imagem: internet)
 

 

publicado por Utopia das Palavras às 19:39

16
Mai 09

 

 

Digo da terra meu mondado manto
Acalentado no seio dela
Nas pedras maceradas de espanto
Trago nos pés
Um pedaço dela
 
Coram minhas mãos insolentes
Quando minto ao sol
Para a trazer no regaço
Nos dias em que um rio me faz
 
Sou de um mar
Que assoberba a campina de azul
E do rio que se afoita
Na folha de um poema desaguado
 
E da terra adubada de água bravia,
São as minhas entranhas
O musgo das palavras
 
 
(imagem: Elisabete d`Silva)

 

publicado por Utopia das Palavras às 18:48

09
Mai 09

 

 
 
Deixem-me amar o mar
Comer as algas, expurgar a lama
Deixem que o mar me ame
E me aclame sobrevivente
 
Deixem que a pele se queime
Na lonjura do sol e da saudade
Renascendo asa de coral
E o meu abrigo
 
Deixem que a boca cuspa
Lodos de preconceito
E que o meu leito
Seja terra espargida de causa
 
Deixem que as mãos naufraguem
No rosto de luz das marés
Abram de espuma as estrelas
E deixem chorar o mar
 
Deixem que nada ou as ondas
Se alastrem no meu peito
E que o meu corpo…
Seja sempre esse mar salgado!
 
(imagem:internet)

 

publicado por Utopia das Palavras às 18:55

02
Mai 09

                                                         

                                                                     

 
Pétalas volúpia que acetinam
O brilho que dos meus olhos sai
São luzeiros que me iluminam
Eterno, terno amor que não se esvai
 
Num corpo de tempos maduros
Sossegos de afectos carminam
Cúmplices de instantes tão puros
Pétalas volúpia que acetinam
 
Nácares de paz cristalinas
Conchas que o meu mar atrai
Deram-me de pequeninas
O brilho que dos meus olhos sai
 
No meu ventre se fizeram vida
As asas que a voar me ensinam
Jamais me sentirei perdida
São luzeiros que me iluminam
 
Nascentes de lágrima que seguro
No gérmen que da terra sai
Sementeiras onde me aventuro
Eterno, terno amor que não se esvai
 
 
(imagem: maternidade-pablo picasso)

 

publicado por Utopia das Palavras às 18:40

"Balada da Liberdade" livro de Miguel Beirão, prefácio de minha autoria e capa de Dorabela Graça
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