Sei que vais e porque tanto teimas
Sei de um ferino passado que te rói
Sensato vulcão onde te queimas
Apaziguado na lava que te constrói
Não sintas o acre da escuridão
Que impávida, numa cegueira cruel
Engole a revolta mordendo solidão
Ignorando que do fel se faz mel
Esgares de corpos perdidos, mas tu não!
Das lascas e das puas da surdez
Far-se-ão bandeiras na tua renhida mão
E assim, acordarás os sonhos…talvez!
Vai! Vai sempre em passo absorto
Como se marcha de parada fosse
Leva-me! Leva outro e mais outro
A firmeza, de nós apoderou-se
Agora não és tu, és multidão
Avalanche de luta, massa desperta
Raiando no polir da razão
Fazendo de nós, âmago num sibilar de alerta!