(Cruzeiro Seixas)
60 anos não esquecem Nakba
(Cruzeiro Seixas)
60 anos não esquecem Nakba
(Mario Botas)
(Ana Hatherly)
(Malangatana)
(Vieira da Silva)
(Desenhos da prisão - Alvaro Cunhal)
(Picasso)
Ausenda Hilário
(Desenhos da prisão-Alvaro Cunhal)
Agarro-me a ti
Como aresta de pedra
De queda que caísse
Agarro-me a ti
Com olhar de quebranto
Como se outro mundo não existisse
Agarro-me a ti
Astuta e selvagem
Colando na minha pele a tua
Agarro-me a ti
Despida de luxúria, nua
Agarro-me a ti
Desprendida!
Incrédula vejo-te partir
Para te esconderes no mundo
Vejo-te de mim fugir
A cada instante, cada segundo
Acordaste-me para a vida
Agora sim sou mulher
Numa exaltação desmedida
Sou sol ao amanhecer
É falsa a tua partida
Jamais acredito nela
Sempre voltas de seguida
Batendo na minha janela
Janela nunca fechada
Porque se fecho anoitece
E em vão sou esperada
No sorriso que a noite tece
És tu, sim
Que sem vontade
Foges e voltas para mim
És tu sim, felicidade
És tu, sim
Ausenda Hilário
É no silêncio das noites
Que num lento sussurrar
Grito o teu nome
E calada, quieta
Ouço o teu eco
Transforma-se o grito em cor
Tela da minha esperança
Traço fácil o teu nome
Pequeno, silencioso
Porque no silencio das noites
Não é o teu nome maior
Maior que o teu nome
É o meu grito sussurrado
Calado
Num silêncio desnorte
Faz dos meus instintos
Gestos que apago
Sem ler as suas respostas
Silêncio presente, estridente
Sinto o seu som
Em cada palavra que não escrevo
E assim inconsciente
Perpetuo-o!
Rasgo-te de verdade
Para sentir que ainda existes
Amanhã ainda não é tarde
Dou-te a alma que me pediste
Da alma que ainda é minha
Dentro dela trago a dor
E a luz que ela tinha
Pintei com a tua cor
Pintei versos pintei traços
No espaço outrora vazio
Decalquei todos os passos
Da alma que me pediu
Nela cresceu afeição
Do hábito de te lembrar
Cresceu forte e sem razão
Fez laços no teu olhar
No teu olhar li ternura
Que transformei em paixão
Sentimento que perdura
Fechado no teu coração
Complexa a alma da gente
Sempre numa encruzilhada
Engana-nos sempre que mente
Verdade no teu rosto estampada
O sentimento não finge
Expressa-se atordoado
É no meu corpo que atinge
Um êxtase magoado
Alma translúcida mentira
Rasgada porque não existe
Aquilo que sinto não tira
Partida, porque partiste!
Quem me ensinou a rimar
È a verdade que encerro
Difícil foi começar
Agora parar era um erro
É fácil escrever a granel
Porque se tem inspiração
Difícil é pôr no papel
Ideias em turbilhão
Ideias exemplos da vida
É Ela que nos ensina
Realidade vivida
Da vida ainda menina
Da escrita gosto da cor
Do tom e do sentimento
Da força do seu sabor
Inspira-me o desalento
Desalento que sempre parte
Nas palavras que vou escrevendo
Nas linhas timidas da Arte
As emoções vão crescendo