(antonio jorge miranda)
Mareando a vida me leva
Nas ondas de um mar sueste
Mar devir, murmurando me enleva
Num vento soprado e agreste
Mareando nesse mar refúgio
É meu medo o naufragar…
Prendo âncora em cada navio
Com audácia me faço ao mar
Lodos, lamas e sargaços
Fundas batalhas no emergir
Busco no sal os pedaços
Pequenos cristais do porvir
Nesse vaivém ondulante
Sonho de mar chão, para o povo
Farol chama, prenúncio de levante
Na rota de um homem novo
Marujas são as vontades
Lanças do marulhar
Expurgo de correntes e grades
Amargo dia, se naufragar…!
Mareando aporto num sonho
Breve metáfora de maré viva
Sou eu! Sou eu que ponho
As palavras no mar à deriva!