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Nov 08

 

Nesse imenso mar índigo e chama
Fogueado em grãos de ouro e prata
Em espraiadas maresias, meiga cama
Onde eu adormecia pacata
 
Efémera foi a paz, onde a tenho?
Recortes de quietude, sonhos lugares
Praias e serros meus, hoje engenho
Vencidos e sós, são os meus mares
 
 
 
Arribas, chorões, silvas e dunas
Massacres de tantas dores
Áureos desertos, mira de fortunas
Parda cegueira de mercadores
 
Rendada serra, alcanço de mar
Conquistando mouros e ilhas
Tantas milhas para acercar
Ostras, medronhos e conquilhas
 
Eu petiza, desafio de montes e marés
E o grito das gaivotas bailando corridinhos
Amávamo-nos, descalça, veludo meus pés
Simbiose de anil, acordeão e ferrinhos
 
Areias de açúcar vizinhos da serrania
Meus promontórios, esconderijos de amor
Onde selvagem uma roseira nascia
Impunes, prosperam cimentos de rancor
 
Nostalgia minha, cruel certeza
Remotos sapais de luas salinas
Minha ria, ai espelho de tristeza
Formosa e bravia, és recreios e marinas
 
E eu? E nós que a amamos singela
Amor de sol, iodo, conchas e figueiras
Indefesos meus olhos, gotas de sal por ela
Buscam sentido no olhar das amendoeiras!

 

publicado por Utopia das Palavras às 22:17

Petiza!!!!
Ternurento o teu poema, a nostalgia do mar e serra devorados pelos mercadores (falsários)
pela ganância do bem estar dos poderosos.
E as gaivotas que já não dançam o corridinho. Belo
Bjinho
Nuno a 21 de Novembro de 2008 às 10:19

NUNO

As gaivotas não têm eira para poder dançar, infelizmente!
Brigada pelo carinho.

beijo

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"Balada da Liberdade" livro de Miguel Beirão, prefácio de minha autoria e capa de Dorabela Graça
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